Uma pesquisa encomendada pelo jornal O Estado de S. Paulo para a Transactional Track Record (TTR) identificou que, de janeiro de 2014 a agosto de 2018, quase 400 empresas brasileiras foram transferidas para o controle de grupos internacionais no país. Eles tiveram que desembolsar R$ 133,2 bilhões para adquirir participações em companhias locais.

Segundo os números levantados, um pouco menos da metade desse valor foi transacionado durante o governo Michel Temer. De setembro de 2016 a agosto deste ano, foram registradas 174 operações que somaram cerca de R$ 62,1 bilhões.

O movimento avança desde 2014. No ano passado, as operações cross-border tiveram um aumento de 40%, passando de 75, em 2016, para 108. A elevada liquidez externa fez os ativos brasileiros se tornarem alvo dos estrangeiros, que consideram o país um importante mercado consumidor.

Americanos, chineses e franceses foram os que mais se beneficiaram nos últimos cinco anos, conforme o estudo. Os Estados Unidos lideram o ranking, com 75 operações. Em agosto deste ano, a multinacional Archer Daniels Midland Company (ADM) comprou, do Grupo Algar, o controle da empresa brasileira Cronos Indústria e Comércio. A ADM passou a deter ativos de esmagamento e processamento de soja em duas plantas localizadas em Uberlândia (MG) e Porto Franco (MA). A operação foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no início deste mês. 

A China vem na sequência, com 23 negócios. Os chineses se concentraram em ativos no setor de infraestrutura, como aquisições de usinas hidrelétricas e portos. Em terceiro lugar está a França, com 22 operações estabelecidas no país. Eles compraram ativos importantes nos segmentos de energia renovável, petróleo, entre outros. 

Novas operações envolvendo grupos estrangeiros no país podem ser anunciadas a partir da próxima semana, quando o cenário eleitoral já estiver definido. Até agosto deste ano, 43 transações cross-border foram anunciadas no país.  

Source: LexisNexis - Brazil