TTR In The Press
Valor Econômico
febrero 2025
Mercado aquecido? Confira as principais fusões e aquisições de 2025 até o momento Este trecho é parte de conteúdo que pode ser compartilhado utilizando o link https://valor.globo.com/empresas/noticia/2025/02/17/mercado-aquecido-confira-as-principais-fuso
O ano de 2025 começou aquecido em operações de fusões e aquisições (M&As, na sigla em inglês). No setor de energia, duas transações importantes foram concluídas — a Neoenergia confirmou a venda de uma hidrelétrica no Paraná à francesa EDF pelo valor de R$ 1,43 bilhão e a Gerdau anunciou a compra de duas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), Garganta de Jararaca e Paranatinga II, no Mato Grosso, por R$ 440 milhões.
Em logística, a Prumo está avançando nas negociações com a China Merchants para vender a Vast Infraestrutura, conforme apuração do Pipeline, site de negócios do Valor. Os chineses despontaram como principais interessados na operação da antiga Açu Petróleo, único terminal privado com capacidade para receber navios gigantes de óleo do tipo VLCC. O negócio é estimado no mercado em US$ 1,7 bilhão.
Levantamento da Conjere mostra que, em janeiro, o montante total das transações com valores divulgados já chegou na casa dos R$ 5,7 bilhões.
As informações foram compiladas pela agência a partir de diversas fontes como Capital IQ, Emis e TTR Data. Até o momento, somam-se 121 transações, sendo 82 delas domésticas e 39 internacionais (cross-border).
A expectativa de juros mais altos e flutuação do câmbio são incertezas que pairam sobre a economia brasileira, amplificadas pelas tensões geopolíticas causadas pela gestão de Donald Trump nos EUA, com um maior protecionismo e imposição de taxas. Ainda assim, companhias apostam em M&As como estratégia de crescimento ou acomodação em diversos setores, como apontam os relatórios da Condere analisados pelo Valor.
Veja abaixo os principais negócios:
Imagem de fábrica alimenticia
Legenda: Indústria de alimentos e agro registraram aquisições em janeiro — Foto: Anna Shvets/Unsplash
Agro
O início do ano vai se estruturando promissor para o agronegócio brasileiro, que já demonstra suas primeiras movimentações. De acordo a Condere, desde o início do ano foram feitas 6 transações no segmento, com destaque para o ramo de insumos agrícolas, com metade das fusões e aquisições.
Um dos destaques fica com a Bunge, que tem planos de se fortalecer na originação de grãos. A companhia acaba de entrar como acionista minoritária na já estabelecida Belagricola, de insumos e comercialização de grãos. O controle da empresa permanece com o grupo chinês Pengdu.
Com o intuito de abrir uma nova frente de negócios no segmento de avicultura, a JBS efetuou a compra de 48,5% do capital e 50% do controle da Mantiqueira Brasil, uma das maiores produtoras de ovos da América do Sul. A transação fez a avaliação da Mantiqueira chegar a R$ 1,9 bilhão.
Além disso, a Prormipec recebeu um aporte de R$ 20 milhões da Angra Partners com o objetivo de ampliar a capacidade produtiva e impulsionar o setor de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da companhia de soluções biológicas para o controle de pragas agrícolas. O destaque negativo fica com a Lavoro, que pretende fechar 70 lojas no Brasil até março, após prejuízo líquido de R$ 267,1 milhões no último trimestre de 2024.
Indústria
O mês de janeiro traz movimentações no setor industrial que indicam caminhos de crescimento no mercado nacional e internacional, com um total de 15 transações, sendo 53% delas “cross-border”, segundo dados da Condere. O segmento de energia elétrica é o mais movimentado, com 7 transações desde o começo do ano.
A Gerdau avança na produção nacional de energia limpa, tanto para autossustentar suas operações quanto para comercialização. A empresa já investiu mais de R$ 3 bilhões em 2025 na compra de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e na construção de dois parques solares.
Já no segmento automotivo, a Stellantis ampliou seu portfólio e anuncia a chegada da fabricante chinesa de carros elétricos Leapmotor ao Brasil. O lançamento está previsto para abril, após a criação da joint venture Leapmotor International. Os modelos serão importados inicialmente, mas a produção local está em estudo. A empresa também anunciou recentemente a abertura de 1,5 mil novos postos de trabalho no país.
No setor de transporte, a Randoncorp ampliou sua internacionalização com a compra da americana AXN Heavy Duty, especializada na venda de eixos e suspensões para semirreboques, por US$ 12,3 milhões. O acordo será atrelado a um contrato de aquisição de estoque, avaliado em US$ 37 milhões ao longo dos próximos 18 meses.
Tecnologia
As empresas do segmento tech iniciaram o ano colocando em prática planos de expansão via fusões, aquisições e captações de recursos. Segundo relatório da Condere, já são 28 transações em 2025. Entre os destaques, a Brasil TecPar recebeu um aporte de US$ 300 milhões para fortalecer sua plataforma de fibra óptica e soluções de banda larga. O grupo, que opera em oito Estados, possui as marcas Amigo Internet e Vianet Tecnologia.
Com intuito de aumentar seu portfólio internacional e ganhar força no atendimento de clientes globais, a multinacional brasileira FCamara investiu 4 milhões de euros na Beta-i, consultoria portuguesa de inovação colaborativa que opera na Europa e no Brasil.
A NeoSpace captou US$ 18 milhões em rodada liderada pelo Itaú Unibanco. A aposta da instituição financeira foi de US$ 15 milhões, com o intuito do desenvolvimento de modelos de GenAI melhorar a experiência de atendimento do cliente. A Avex, que produz soluções para o comércio eletrônico, adquiriu a Newtail, especializada em retail media (do inglês, mídia de varejo) para e-commerce no Brasil, com mais de 400 clientes, incluindo Casas Bahia, Panvel e KaBuM!
A Sem Parar, de pagamentos automáticos em pedágio, comprou o app para motoristas Gringo por cerca de R$ 1 bilhão. O objetivo é expandir o ecossistema de serviços da empresa, com acompanhamentos de documentação, débitos, multas, crédito e seguros automotivos. Em rodada liderada pela Rivernwood, a Paytrack, de gestão de viagens corporativas, captou R$ 240 milhões para expandir sua plataforma para o México e a Colômbia, além de projetar possíveis aquisições.
Do lado da venda, a Zenvia anunciou o intuito de reduzir de tamanho para se reposicionar como uma empresa exclusivamente de soluções de comunicação na nuvem, nicho em que realizou diversas aquisições nos últimos anos. A empresa avalia vender ativos que não fazem parte dessa oferta, incluindo seu produto “core” de SMS (ou Communication Platform As a Service), que hoje responde por dois terços da receita.
Finanças e Seguros
No ramo de tecnologia financeira, bancos e seguradoras, o relatório da Condere aponta que já são 32 transações realizadas em 2025, sendo a maioria no segmento imobiliário (13) e de bancos de investimento e corretagem (11). O destaque fica para o BTG, que concluiu a compra do banco suíço Julius Baer no Brasil por R$ 615 milhões.
Ainda no setor bancário, o empresário Maurício Quadrado, após vender sua participação no Banco Master, prepara o lançamento do BlueBank, trazendo ao portfólio a bandeira do varejo Digimais, focado em crédito consignado e financiamento de veículos. A transação de R$ 800 milhões adiciona 100 mil clientes e R$ 9,1 bilhões em ativos à base da companhia.
Em seguros, a Alper segue os planos de expansão e diversificação, começando o ano com a compra da Ducalis, especializada em benefícios de saúde. A companhia, que já soma mais de 70 M&As desde a fundação, pretende investir R$ 400 milhões em até oito aquisições para atingir a marca de R$ 5 bilhões em prêmios este ano.
Serviços
Neste início de ano, o destaque no setor de serviços ficou para movimentações em educação e mobilidade urbana, que somadas representam 13 das 19 transações registradas no relatório da Condere. No segmento de ensino superior, a Clarens Educação, do fundo Mubadala, avança com a compra do Centro Universitário Imepac, em Minas Gerais. Paralelamente, o Grupo Caduceu, focado em medicina, incorporou a Faculdade FAESDA, que passará a se chamar Faculdade CADUCEU.
Na mobilidade urbana, a nigeriana Moove, investida da Uber que financia veículos para motoristas de apps, entra na América Latina com a aquisição da startup brasileira Kovi, de planos de aluguel de veículos. A parceria do aplicativo de corridas incorporou o software da Kovi e um algoritmo que monitora o comportamento dos motoristas parceiros.
A transação cria uma empresa com faturamento de US$ 275 milhões.
Já o setor de aviação comercial poderá assistir a mais uma fusão entre grandes players como resposta à crise. A Azul e a Abra, dona da Gol, assinaram um acordo para avaliar uma possível união, que pode dar origem a uma corporação com participação majoritária da Abra. Para avançar, o acordo aguarda o fim da reestruturação da Gol nos Estados Unidos, previsto para maio.
O destaque negativo fica para a Viveo, distribuidora de insumos hospitalares e dona da marca Cremer. Após realizar mais de 20 aquisições em dois anos para expandir a operação, a empresa anunciou neste mês que venderá ativos como parte de um processo de reestruturação financeira, a fim de reduzir dívidas.
Alimentos e bebidas
No segmento de snacks saudáveis, a Supley, que já detinha 50% da Dr.Peanutz, absorveu o restante da fabricante da pasta de amendoim e pretende investir R$ 30 milhões em três anos para expandir a marca. Também com fôlego para investir, o grupo Pereira, da varejo e atacarejo, adquiriu a rede catarinense Schmit, com planos de abrir mais 14 lojas ainda em 2025.
Enquanto isso, a Ambev decidiu sair do segmento de sucos e vendeu a marca Do Bem para a Tial, após ter comprado 66% do negócio por R$ 89 milhões, em 2016, e que avaliou a Do Bem em poucos mais de R$ 135 milhões na época. Agora, o intuito da gigante brasileira de bebidas é dar foco em marcas mais atrativas ao grupo.
Source: Valor Econômico - Brasil
